8 de abril de 2018

O DIA 7 DE ABRIL DE 2018

São Bernardo do Campo, SP.


Não resisti. Não resisti àquele bolo na garganta, à angústia que me oprimia e, nos últimos dias, me punha a chorar a qualquer hora. Não um choro copioso, mas lágrimas que vinham, de repente, sem pedir licença.
E ontem, quando vi, estava recrutando os amigos Lena Brasil e Victor Colonna para irmos a São Bernardo. Não era mais possível ficar em frente ao computador, numa outra trincheira, é verdade, mas não numa em que eu não me entregasse, não entregasse meu corpo à causa. E a causa foi a prisão arbitrária de Lula, dentro do quadro de arbitrariedades que se pode esperar de um sistema que, com o impeachment de Dilma, fez a sua escolha.
E foi então que corremos a São Bernardo com o ânimo renovado, o coração apaziguado pela certeza de estar fazendo o que era certo, a partir da nossa consciência, e que era pouco, mas era o que podíamos dar.
Tinha menos gente do que eu pensava, é verdade, mas teria menos ainda se não tivéssemos ido, os três, ratificando nossas convicções na defesa do homem que pela primeira vez nos acenou com um Brasil menos desigual.
O magnífico discurso de Lula ouvimos muito mal. Helicópteros da PF e da Globo, parados no ar, abafavam a sua voz. Mas do que podíamos ouvir, e do que podíamos ver subia uma emoção coletiva, e essa energia não é pouca nem é rasa.
Lula saudou a presença dos jovens, mas o que eu mais vi foi uma geração mais velha, militantes antigos e fiéis que viveram o Brasil antes e depois de Lula, e sabem das conquistas duramente conquistadas. Os jovens a que se referia eram Manuela D´Ávila e Guilherme Boulos, as lideranças emergentes, e presentes ali.
Depois de declarar que se entregaria, findo o ato, voltamos para o Rio. (precisávamos voltar) e viemos acompanhando os desdobramentos.
A luta não acabara, a luta não acabará jamais. E é preciso que nos aproximemos cada vez mais das ações de resistência.
Temos um legado a defender. Este legado é uma idéia de justiça e igualdade social. .
Ontem foi dia 7 de abril, aniversário do meu filho Gabriel.
E tenho certeza de que olhamos para o mesmo céu.

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Um comentário:

  1. Querida Helena,esta força que te conduziu a S.Bernardo me levou à Curitiba no 1 de maio, junto a outros tantos,que somos muitos! Beijo grande! Inês

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