13 de novembro de 2014

MANOEL DE BARROS (1916-2014)

Conheci a poesia de Manoel de Barros quando li, pela primeira vez, numa sala de espera de um consultório médico, seus poemas publicados na revista Caras. Quem diria! Mas no rodapé indicava o livro. Era Gramática Expositiva do Chão, que corri para comprar e ao qual volto e voltarei porque foi como uma anunciação. Depois vieram a fama e um sem fim de "insignificâncias" de onde ele tirava sua poesia original.
Agora não está mais no Pantanal. Não está descobrindo imagens em grampos enferrujados e outros objetos desúteis. Não está mais habitando o mundo, a terra, da qual sempre esteve tão perto. Foi para outras paragens, às quais já pertencia. Deixou-nos com a sua poesia, que é enorme, e traz natureza e humanidade, embora até hoje se pense que são coisas dissociadas.



Na enseada de Botafogo
Manoel de Barros

Como estou só: Afago casas tortas,
Falo com o mar na rua suja...
Nu e liberto levo o vento
No ombro de losangos amarelos.

Ser menino aos trinta anos, que desgraça
Nesta borda de mar de Botafogo!
Que vontade de chorar pelos mendigos!
Que vontade de voltar para a fazenda!

Por que deixam um menino que é do mato
Amar o mar com tanta violência?

....

Um comentário:

  1. Dia 13/11/ 2014 vai ser conhecido como o dia da morte da poesia, é o fim do fim esse ser divinizado pela delicadeza e criatividade não estar mais entre nós.
    Embora a arte de Manoel seja eterna, ficamos privados de sua sabedoria diante da existência.
    Abraço.

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