2 de junho de 2014

ALEGRIA, ALEGRIA

Apesar de saber que o Itaú é um banco que faz grandes campanhas mas não está nem aí para elas, reconheço que a sua propaganda valeu por trazer à cena aquele que é o criador de um símbolo nacional - Aldyr Garcia Schlee.


Aldyr Garcia Schlee é um grande escritor que o todo o Brasil agora conhece porque desenhou a camisa da seleção. Tudo bem. Um multitalento se alegra por vitórias em qualquer campo.

Ele também adora futebol e deve estar rindo desse movimento todo, já perto de chegar aos 80, sempre vivíssimo, sempre curioso e entusiasmado, pronto a chorar de emoção, como uma criança que se conserva íntegra, sem vergonha e sem medo. Nasceu em Jaguarão mas é de Pelotas.
Um pouquinho antes tinha visto um documentário dirigido por Cíntia Langie sobre Francisco Santos, português que se radicou em Pelotas, autor do primeiro filme de ficção do Brasil de que se tem notícia - 1913.


Há poucos anos eu já me emocionara com o documentário, também dirigido pela dupla, pela Moviola Produções, sobre "O Liberdade" restaurante que, à noite, abrigava o genial regional do Avendano Jr, um mestre do cavaquinho, no conjunto de choro que encantava pelotenses e visitantes, e manteve o ritmo até nos tempos em que o choro andou esquecido. Mais recentemente, Cintia e Rafael fizeram, também pela Moviola,"Linha imaginária" - uma história de fronteira entre Brasil e Uruguai, em que Aldyr Garcia Schlee se destaca, a partir do conhecimento e convívio com a cultura uruguaia, os do outro lado, que também somos nós.



Avendano, o discípulo de Waldir Azevedo, morreu há dois anos, mas o regional - onde cada um também é ele, continua.
Também há pouco tempo , comemorando os 50 anos de dramaturgia, de Valter Sobreiro Junior, Ana Carril realizou "Reencontros" documentário sobre a extensa e premiada obra de Valter, que esteve durante todos este tempo à frente do Teatro Escola ensinando tudo o que sabe.

O recente prêmio de fotografia de Neco Tavares, a beleza dos livros de Nauro Junior, a - por que não? - bela edição da Marcha da Maconha me fazem reparar que a cidade vai bem, obrigada, vai ao encontro do seu destino, que é o das artes. Levanta-se de um período de estagnação, em virtude do empobrecimento econômico, do novo riquismo, das oligarquias que se esfacelaram, da teimosia de acreditar no outro mundo possível.

Estranho é que tanto Avendano como Valter e Nauro têm Junior no sobrenome. Talvez tenha sido um sinal de que as gerações vão construindo coisas diferentes que por sua vez vieram de outras, mais antigas, sempre nossas.

Estou contente. Contente e orgulhosa. E espero que sintam a mesma alegria aqueles que vivem hoje esse renascimento nas artes, por todos aqueles queridos amigos que estão lá, que sempre estarão na minha história de afetos embora eu, à revelia da minha certidão de nascimento, tenha sido vítima de erro geográfico. Erro? Talvez não. Eu gosto de errar pelos caminhos. E de ser guiada pela luz dos acertos. 
Se alguém duvida que um governo possa acender uma cidade, saiba que os incentivos do ProCultura, do Ministério da Cultura têm chegado a Pelotas e têm sido muito bem aproveitados. Mas só foram bem aproveitados porque havia uma nova geração disposta a não desistir de criar. 
E assim se constrói, de cada cidade acordada, uma Nação nova, em sendo a mesma. 


Pela ordem: Aldyr Garcia Schlee, Cintia Lage e Rafael Andreazza, Avendano Jr., Valter Sobreiro Junior, Neco Tavares e Nauro Junior.

* este blog não segue as normas da reforma ortográfica.

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