28 de agosto de 2009

ANÍBAL BEÇA




No dia 25 de agosto, aos 62 anos, morreu em Manaus o poeta Anibal Beça.
Além de poeta, compositor e jornalista. E ainda mais: produtor e animador cultural. Ele mesmo se definiu:

"Passei a vida inteira com as palavras
casado com elas."

Nos últimos anos esteve à frente do Conselho Municipal de Cultura de Manaus e organizou um dos concursos mais abrangentes de que se tem notícia no Brasil, revelando e editando qualificados vencedores.


Era doce, o poeta Anibal Beça, amava a poesia, a música, a natureza e as pessoas. Conheci-o por intermédio de Astrid Cabral, sua companheira no Clube da Madrugada, entidade instauradora dos movimentos renovadores na literatura e nas artes plásticas amazonenses. Nos últimos anos dedicou-se ao haicai, estimulado pelo amigo e também poeta Luiz Bacellar e publicou Folhas da Selva.

É extensa a lista de sonhos e realizações de Anibal Beça.

E é com um poema escolhido por ele, conforme o livro 50 Poemas escolhidos pelo Autor, coleção Edições Galo Branco, que me despeço nesta modesta homenagem.

PARA QUE SERVE A POESIA?

De servir-se utensílio dia a dia
utilidade prática aplicada,
o nada sobre o nada anula o nada
por desvendar mistério na magia.
O sonho em fantasia iluminada
aqui se oferta em módica quantia
por camelôs de palavras aladas
marreteiros de mansa mercancia.
De pagamento, apenas um sorriso
de nuvens, uma fatia de grama
De orvalho, e o fugaz fulgor de astro arisco.
Serena sentença em sina servida,
seu valor se aquilata e se esparrama
na livre chama acesa de quem ama.


Um comentário:

  1. Bela homenagem, quando um poeta morre a humanidade empobrece de sentimento.

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