10 de agosto de 2009

SOL A SOL

Estátua de Chopin
Praia Vermelha
Urca
Ontem foi dia de praia. Alegria para os cariocas, para os turistas, para todos aqueles que fazem da praia o seu prazer, o encontro com os amigos, cara a cara com a criatividade dos ambulantes, longe do mau humor dos guardas. Mas os guardas estão do lado de lá. A areia é área livre do assédio dos choques. E o que se comentava é a capacidade do Rio de Janeiro de resistir a tantos maus prefeitos, às administrações ineptas, às ações predatórias dos governos. A cidade resiste, como parte da natureza que a enfeita, resiste de teimosa, de brasileira que é, resiste porque quer, e às vezes penso que resiste por nós, para que acreditemos sempre, e em primeiro, na beleza. E estávamos nisso quando recebi, por nada (?) a crônica abaixo:

Maravilhosa


* por Daniel Santos


Nada cala os tambores da cidade fatigada. Os dias entram pelas noites com insônia de profundas olheiras, numa convulsão requebrosa pelo divertimento a todo custo, ansiedade sem o cabresto do recato.

Houvesse um colapso, as tensões se aliviariam, mas recorrente é o frenesi que toma todo o sítio das promoções vantajosas, das produções milionárias, das platéias que se convulsionam roufenhas à exaustão.

Sempre prestes, incapaz de escapar ao incessante gerúndio, a cidade atrai turistas, forasteiros, curiosos e os imiscui na rotina da alegria ruidosa que preenche todos os horários, sem noção de prazo nem de limites.

Canta, dança, sua e emite à atmosfera eflúvios da própia alma, da sua inquieta essência. Assim, o delírio em suspensão volta a se depositar, grão após grão, sobre essa que desconhce descanso, tranqüilidade.

Quando a fadiga beira a ruína, o troar dos tambores anima criaturas quase esgotadas, sem licença para a pausa. E prossegue assim, o permanente show das multidões sem consciência do próprio desespero.






2 comentários:

  1. Aí estou eu como intruso no blog da amiga generosa que me dá publicidade. Obrigado. E vamoquevamo!

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  2. bem bonita a crônica do Daniel. O texto da Helena também.
    Sobre o abandono do Rio quero lembrar que,mesmo quando os prefeitos eram impostos pela ditadura,eles não trabalhavam. E assim vai.

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